Eve Brandão

Parece que tudo parou. A vida continua, os dias passam, mas esquecer o que vivemos não é assim tão fácil. É muito difícil perceber que a pessoa em que você mais confiava e, que bem ou mal, estava sempre ao seu lado, simplesmente, não pode existir. É...não pode!

Eu só queria não sentir.

Não queria sentir falta das brincadeiras que só pra gente tinham graça. Não queria sentir falta das nossas conversas intermináveis, onde as horas passavam como os segundos. Dos nossos planos, das nossas ideias, do nosso encontro.

Só não queria sentir que por escolha sua e minha também, aos poucos, tudo o que me deixava feliz acabou por me levar a escrever isso hoje.

Escrevo porque como diz uma canção, "às vezes meu coração não responde. Só se esconde e dói". Não sei se era necessário dizer o que pensava, só achava que estava sendo justa comigo, talvez, por fazer com o outro o que eu esperava que as pessoas fizessem por mim. Sei que elas são diferentes e a vida tentou me ensinar que nem sempre teremos esse mesmo cuidado como resposta, mas eu não quis aprender e, mais uma vez, resolvi me arriscar.

Faz três semanas que sinto meu coração bater com muita saudade, bater procurando um sorriso seu. Eu não consigo mais te ver. Chegamos ao ponto de não conseguir nos olhar. Qualquer movimento, por mais que involuntário, é visto como provocação.

Eu só queria não sentir que chegou ao fim, que a partir de agora cada um seguirá o seu caminho. Quero que você seja feliz, mesmo que eu não esteja mais por perto e que o tempo apague todas as coisas boas que vivemos. Hei de ser feliz também, mesmo que seja difícil ter uma novidade e não poder te procurar, querer até o conflito, mas não poder mais suportar.

Eu só queria não sentir que apesar de tudo ainda estou aqui, the same fool, esperando que um dia, quem sabe, a gente entenda que precisou passar por isso para sermos melhores. O que sinto é muito maior do que tudo, e se o que você sente também for verdadeiro, há de durar mesmo que a dor esteja ainda aqui tão latente.

Eu só queria não sentir.
Eve Brandão

Chega! Não dá mais. Triste fim para o que parecia o começo de algo novo, belo, lindo, tão lindo. Ah... chega! Preciso me livrar desse pensamento que me faz perder a hora e até os dias flutuando por um mundo que não me pertence, ou melhor, ainda não me pertence. Assim como os ponteiros a me mostrar que a vida passa, que tudo passa, se tudo tem seu tempo, quem sabe em um golpe do destino tudo volte a se encaixar? Não! Não posso pensar! Não posso mais esperar! Chega! Já não me reconheço, não controlo fala e nem pensamento, não consigo não pensar. Chega! Chega de continuar a me enganar achando que toda vez que vou deixar tudo para trás vai dar certo. Já não dá mais. Já sofri sem mais. Preciso de um tempo para deixar de tentar entender tudo. Algumas coisas, realmente, precisam ficar subentendidas. Tento dominar o que é incontrolável e voltar a seguir o meu caminho sem mudanças, sem rupturas, sem lágrimas, sem atritos, sem você...
...como se fosse possível esquecer.
Eve Brandão
Apesar de tudo que enfrentei durante o dia, finjo que está tudo bem e resolvo encarar o que me espera. Invento um sorriso, maquio um olhar e parto para o que não posso suportar. Não sei o que está acontecendo comigo. Será que sou mesmo a exagerada, dramática, ou tudo que vejo não é exatamente o que acontece? Reflexos do meu mundo, minha forma de entender o que sinto, de mostrar como quero ser vista. Alguém importante? Sim! Alguém que sente mais do finge sentir. Por essa estranha forma de agir e se ver, alguém que mascara o que lhe é mais importante para não enxergar a si mesma.

Talvez, seja o medo de viver o que nunca pude. O medo de você ou, principalmente, o medo de mim, que não sei o que esperar da distância que ainda tenho do seu olhar. Olhar este que cruza o meu por diversas vezes, mas que ainda não parou para admirar o quão bela pode ser a menina dos meus olhos. Enquanto isso, nessa interseção de sentidos, prefiro acreditar que está tudo bem e continuo a enganar o meu eu, que não sabe no que pode acreditar.

Será que o que me apavora é o mesmo que te assusta? O tempo passa e a vida continua igual. Por culpa sua e minha também. Indecisos que escolheram não saber para não sentir, não mentir, não viver.
Eve Brandão
Olho para a lua, para a noite, viajo com as estrelas e saio do chão. Lá do alto o vejo diferente, cheio de qualidades que saltam aos olhos de qualquer pessoa. Ser humano magnífico, único exemplar de uma espécie rara. Sua luz, sua alegria, seu prazer em me ver, me deixam cada vez mais perto do céu. Ações e opiniões de uma pessoa que sabe o que quer e que me deixa mais feliz quando me troca o olhar. Porém, não posso somente voar. Preciso te enxergar, te sentir, te tocar...

De volta ao chão, percebo que ainda não é hora de viver o que meu imaginário idealizou. Talvez seja melhor tê-lo em meus sonhos ou em uma breve viagem ao céu. De lá, posso seguir seus passos, te admirar...Daqui, ainda não sinto essa segurança. Insegura eu sei que sou, mas será que você também não precisa se decidir? De longe não tenho dúvidas da sua determinação, mas, de perto, sinto que você ainda precisa de uma mão, de muito carinho e muita motivação para te fazer acreditar na sua força. Essa força, maior do que imagina, é o que movimenta os meus dias e me faz tocar o chão sem ter medo do que possa acontecer.

A todo instante espero o que busco: o inesperado, o novo, o que vai me deixar mais esperta e feliz. Assim, fico aqui com a certeza de que você chegará à melhor hora, pois não quero viver somente de sonhos. Você é o que mais me encanta. Inspiração, brisa e luar.
Eve Brandão

Ouço a chuva molhar o vidro da minha janela e espero que ela também molhe o seu coração. Ajudando a esfriar toda essa mágoa, espero que com ela, a esperança de uma nova vida também viva. Vida com mais riscos, mais responsabilidades, mais intensidade, mais emoção. Crescer junto, compartilhar medos...VIVER, enfim. Deixar planos de lado ou, ao menos, tirá-los do papel. Fazer acontecer! Chega de imaginar, imaginar...só depende de você para acontecer. Mexa-se! Tomo cuidado para que minhas palavras não sejam soltas demais. Que com elas venham minhas ações, meus desejos, minha identidade, meu coração!
As horas passam, a chuva continua, o frio aumenta. A vontade de ouvir uma palavra, um suspiro ou, simplesmente, te observar mesmo que de longe, bem looonge...me deixa mais feliz. Por um momento esqueço minhas preocupações, minhas incertezas...
Mas, agora, cadê você? =(
Pena não te ter aqui, mesmo tão presente em mim.
Eve Brandão
Não sou concreta, vivo de incertezas.
Posso ser racional, mas o meu EU é muito mais do que emoção.
Não preciso da ciência para mostrar o que acontece no meu coração.
Vivo numa ilha de fantasias. Muitas delas, secretas.
Mas, por que isso te importaria?

Se você acha que só de razão vivo, não me conhece!

Escrevo sobre o que é etéreo, mágico, sensível.

Não acredito, simplesmente, que estamos sempre sujeitos à "lei do retorno", onde tudo só acontece por consequência de um primeiro ato.

Não carrego esse peso nas costas! O que tiver que acontecer, simplesmente acontece!

Sem planos,
Sem que dependa de nós,
Sem que tenha explicação.

Fata Viam Inveniunt
Eve Brandão
Há um tempo já não sei mais o que é não pensar. Parece que o mundo parou e começou a me mostrar o que não conseguia ver. Talvez, estivesse sempre na minha frente, mas eu que não queria entender...

Acordei determinada a colocar em dia o que eu tenho evitado. Deixei a preguiça de lado e mergulhei no mundo das vozes. Incrível, mas estava com muitas saudades dele! Mas, de repente, no meio de centenas de palavras e inúmeras vozes, eu não conseguia identificar o que era dito. Fugi de mim! Um pensamento louco me levou para longe, bem longe. Sonhava acordada quando o celular tocou. Era uma amiga, que há muito eu não via, que me trazia para a realidade.

Após alguns minutos de conversa e de troca de novidades, desanimei. Ouvi muitas coisas dessa minha amiga, fiquei feliz por ser querida mesmo seguindo um caminho bem diferente do dela, porém, sua ligação me fez acordar novamente. Ela me fez perceber que eu precisava viver! Descobri que algumas amigas casarão, outras já estão em suas casas e formaram suas próprias famílias ( não é que eu não queira isso para mim, mas ainda é algo bem distante do presente), então, senti que havia um buraco, um vazio. Ela cheia de novidades e empolgada com tudo isso. Eu, mesmo feliz com o que ela dizia, parecia ter vivido um espaço de tempo diferente do dela, em que os dias passam mais devagar e as coisas demoram um pouco mais para acontecer.

Joguei folhas e caneta para alto! O telefonema me serviu de estalo. Percebi que precisava fazer o meu tempo, o meu espaço. Talvez, a minha determinação ao acordar não fosse para analisar todas aquelas narrativas, tomadas de turno, enquadres, mas para fazer acontecer! Criar minhas próprias experiências e deixar de viver sob expectativas. Passei a tarde a sonhar, sonhar e sonhar esperando que você chegasse para mais uma vez te contar tudo e, quem sabe, até um pouco além de tudo.

O dia passou, a noite chegou e quando eu já estava de saída você apareceu. Travei! Como isso foi acontecer! Esperei o dia inteiro para saber como você estava, como tinha sido o seu dia, contar tudo o que me afligia, mas não consegui. Se dependesse somente da minha vontade...Então, decidi esperar por você. Demorou, demorou...Finalmente!!! E agora, o que eu faço? “tudo bem?”. Pensei que estava tudo mais fácil, que agora ia. Nada! Fiquei muda. Só consegui responder que estava legal e perguntei o mesmo. Aguardei sua resposta. Ao saber que você, apesar de tudo, estava bem, fugi mais uma vez. Agora, não só de mim, mas de você, a quem eu continuo a esperar.