Eve Brandão
Há um tempo já não sei mais o que é não pensar. Parece que o mundo parou e começou a me mostrar o que não conseguia ver. Talvez, estivesse sempre na minha frente, mas eu que não queria entender...

Acordei determinada a colocar em dia o que eu tenho evitado. Deixei a preguiça de lado e mergulhei no mundo das vozes. Incrível, mas estava com muitas saudades dele! Mas, de repente, no meio de centenas de palavras e inúmeras vozes, eu não conseguia identificar o que era dito. Fugi de mim! Um pensamento louco me levou para longe, bem longe. Sonhava acordada quando o celular tocou. Era uma amiga, que há muito eu não via, que me trazia para a realidade.

Após alguns minutos de conversa e de troca de novidades, desanimei. Ouvi muitas coisas dessa minha amiga, fiquei feliz por ser querida mesmo seguindo um caminho bem diferente do dela, porém, sua ligação me fez acordar novamente. Ela me fez perceber que eu precisava viver! Descobri que algumas amigas casarão, outras já estão em suas casas e formaram suas próprias famílias ( não é que eu não queira isso para mim, mas ainda é algo bem distante do presente), então, senti que havia um buraco, um vazio. Ela cheia de novidades e empolgada com tudo isso. Eu, mesmo feliz com o que ela dizia, parecia ter vivido um espaço de tempo diferente do dela, em que os dias passam mais devagar e as coisas demoram um pouco mais para acontecer.

Joguei folhas e caneta para alto! O telefonema me serviu de estalo. Percebi que precisava fazer o meu tempo, o meu espaço. Talvez, a minha determinação ao acordar não fosse para analisar todas aquelas narrativas, tomadas de turno, enquadres, mas para fazer acontecer! Criar minhas próprias experiências e deixar de viver sob expectativas. Passei a tarde a sonhar, sonhar e sonhar esperando que você chegasse para mais uma vez te contar tudo e, quem sabe, até um pouco além de tudo.

O dia passou, a noite chegou e quando eu já estava de saída você apareceu. Travei! Como isso foi acontecer! Esperei o dia inteiro para saber como você estava, como tinha sido o seu dia, contar tudo o que me afligia, mas não consegui. Se dependesse somente da minha vontade...Então, decidi esperar por você. Demorou, demorou...Finalmente!!! E agora, o que eu faço? “tudo bem?”. Pensei que estava tudo mais fácil, que agora ia. Nada! Fiquei muda. Só consegui responder que estava legal e perguntei o mesmo. Aguardei sua resposta. Ao saber que você, apesar de tudo, estava bem, fugi mais uma vez. Agora, não só de mim, mas de você, a quem eu continuo a esperar.
3 Responses
  1. Thiago Braz Says:

    cada espera é singular e só vc sabe oq esperar pra ti. acorde sim, mas pra vc, especialmente =]


  2. "Percebi que precisava fazer o meu tempo, o meu espaço. (...) Criar minhas próprias experiências e deixar de viver sob expectativas."

    Certíssima, Eve! É exatamente isso o que tenho tentado fazer. Com novos desafios pela frente, começo a escrever a minha própria história. Há muito tempo já deveria ter iniciado esse processo de experimentar. Só agora o faço. Nunca é tarde!

    Quanto à espera, às vezes precisa terminar. Mas é tão difícil! E acabamos no mesmo lugar de sempre... Não sei (ou sei?) do que se trata, mas sei que esperar é algo que tenho feito durante toda a minha vida. E não tem dado muito certo. Portanto, cuidado, minha amiga! Vá em frente, coloque para fora tudo o que você está sentindo. Só assim você saberá como vai ser, em vez de se perguntar como teria sido.

    Beijos. Ótimo texto (mais um!).


  3. Lindo seu texto! parabéns!!!